sábado, 17 de dezembro de 2011
Os livros do fim da prateleira.
Ela falava num francês muito rápido e baixinho, eu não entendia nada. Sacudi a cabeça muitas vezes concordando com as coisas que não sabia se diziam alguma coisa. Às vezes ela sorria e gargalhava alto e em alguns momentos pensei ter entendido que debochava da minha cara, mas eu não tinha certeza. Repeti algumas vezes as poucas frases que sabia em francês e ria com ela enquanto ela apontava para os casais que dividiam o mesmo copo. Por mímica, eu ia oferecendo coisas pra ela, cerveja, vodka, absinto, batatas fritas. Ela aceitava tudo. Quanto mais bêbada, mais falava o francês veloz. Pedi em um português claro e pausado se podia beijá-la e ela parou de falar como se tivesse entendido. Enrugou a testa, cambaleou pra trás, deu uma gargalhada, falou alguma coisa que também não entendi e emendou mais uma frase longa e sem sentido com a boca vermelha. Disse mais palavras, saiu, adivinhei que foi no banheiro. Quando voltou me beijou, disse outra frase e puxou minha mão. Subi com ela até o lugar onde estava hospedada, ela tirou a roupa toda e transamos durante uma hora. Ela não falava tão rápido enquanto fazia sexo, entendi algumas coisas. A francesa sentou na cama, me olhou rindo, vestiu meias nos pés brancos e deitou ao meu lado para dormir. Assim que ela adormeceu me vesti silenciosamente e fui embora rápido. Não posso, não consigo dormir com mulheres que dormem de meias. Eu podia passar o resto da vida sem entender o que ela dizia, mas de meias não vai dar, dona moça francesa.
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