sábado, 4 de fevereiro de 2012

Papéis no balcão.

Hoje mais cedo, enquanto tomava um café na lanchonete onde trabalho, não pude deixar de notar uma mulher. Não por seus cabelos loiros ou sua altura inconfundível ou qualquer outro aspecto físico, a moça devia ter seus 26 anos, mas o que mais me chamou atenção foi o que ela fazia enquanto tomava uma xícara de café, ela tinha nas mãos uma caneta e no balcão outra, e alguns papéis.. quando passei por ela para pegar o açúcar eu olhei para os papéis na mesa e se tratava de folhas de cartas, não sei bem mas a moça escrevia com uma força enorme, deixando bem marcada algumas palavras e repassando a caneta em outras palavras, consegui ler nitidamente a palavra "Saudades" e mais algumas coisas em comum, no meu outro lado havia um homem, ele era bem mais velho que eu ou a moça, beirava seu 40 anos, ele tinha um óculos e cabelos castanhos um pouco compridos, ele tinha um livro em cima do balcão e algumas folhas, o livro entre olhadas e mais olhadas deduzi que se chamava "dom quixote" que por acaso é meu livro favorito, mas em fim, o homem escrevia e re-escrevia na folha varias vezes, sempre que terminava um paragrafo sorria, olhava pela janela e tomava outro gole do café, comecei a pensar em que era também pra alguém que estava longe, diferente da mulher o homem escrevia com uma calma e felicidade enorme, a mulher escrevia como se fosse morrer, como se a saudade fosse mata-la, já o homem escrevia com a calma de quem sabe que vai re-ver quem quer que ele esteja esperando. Foi então que eu reparei que eu devia ver como escrevo, por mais que pensei nisso não consegui chegar a uma conclusão que me agrada, as vezes escrevo com piedade que não tenho, as vezes escrevo com a raiva e força de alguém que sabe o que quer e não vai se perder, as vezes escrevo confusões e tornados em folhas velhas, as vezes escrevo contra o tempo e outras com o tempo. Mas em fim, no final olhei o relógio e ja era a minha hora, passei pela mulher mais uma vez para ir em direção a porta, e quando olhei os papéis novamente vi bem forte a frase.. "eu te amo, como sempre amei..." isso me fez sorrir espontaneamente e com alegria no coração, mesmo não sabendo pra quem era, mesmo não sabendo quem era a mulher, se era casada, namorada, amiga ou amante de alguém, mesmo não sabendo se ela tinha família ou um emprego ou qualquer dessas coisas.. a unica coisa que eu sabia daquela mulher era que ela realmente amava alguém..

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