quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

passagem de embarque.

Isso não é o que se pode chamar de uma história real, mas não importa é vida, as vezes acordo de madrugada vindo de outro planeta e me sinto só. Mas não é sobre isso que quero falar, diferente da maioria das pessoas meu primeiro grande amor nem sabe que eu existo, ela não sabe o tom da minha voz e nem a cor dos meus olhos, ela nunca me beijou ou sequer chegou perto de mim. Eu lembro que era outono, eu amo os outonos em Porto Alegre, a cidade cresce e o dia fica cada vez menor, tem as folhas e os senhores com violões no parque, eu tinha acabado de chegar, tinha que pegar o metrô para ir a casa dos meus avós na zone leste, estava frio e comprei um café antes de embarcar, eu nunca me importei com pessoas que andavam de metrô comigo, além de mendigos pedindo dinheiro tinha mulheres que falavam realmente alto entre elas, havia homens de terno e grava, outros com bagagens enormes, mas eu carregava só uma mochila e um casaco. Me sentei em um banco no canto do vagão, quando olhei para frente la estava ela, eu não sei dizer seu nome, até por que eu nunca soube, eu não sei sua cor favorita, sem tem irmão ou irmã, se tinha emprego se estudava, eu não sabia dos seus sonhos, dos seus medos ou de qualquer coisa do seu passado, eu só sabia que ela era linda.eu fiquei la olhando pra ela, pela janela edifícios cinzas corriam em câmera lenta, tinha os muros da cidade que falavam alto demais coisas que eu nunca consegui escutar, sempre que lembro desse dia eu penso em como o coração é bobo, não sei quanto tempo se passou, mas derrepente o metrô parou, eu olhei assustado pensando em falar com ela, mas a porta se abriu e entrou algumas pessoas não consegui ver, e quando tudo ficou normal eu vi ela do lado de fora, eu fiquei acompanhando ela pela janela até aonde a visão alcançava, foi quando eu a vi correr para os braços de um outro cara, eu não entendi o que sentia naquele momento, junto com meu primeiro grande amor, veio meu primeiro coração partido.

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