domingo, 22 de julho de 2012

E você corre, afinal a vida é tão curta.

Meus melhores sonhos acabam pela metade, então nunca sei o que acontece ao final das coisas, os finais me assustam mais que qualquer coisa. Nunca sei o que vem depois do final, o que acontece depois do final do Jogos de video game? os personagens vão aonde? acabou-se a aventura? penso a mesma coisa sobre a vida.. depois do final, o gran finale transmitido ao vivo direto para a sua TV, as melhores cenas em câmera lenta mostrando os detalhes importantes que você perdeu, e se pudesse voltar? mas não pode. E se pudesse fugir ou correr? mas não pode, e isso te tortura até o fim. Finais com certeza são a parte mais difícil de qualquer coisa que você faça, talvez nesse mesmo dia da minha morte, se eu pudesse finalmente ver minha vida como em um filme em preto e branco frisando os melhores momentos e os piores erros que ja cometi, com certeza levantaria da cadeira do cinema e iria embora antes do final. A questão principal não é o final mas sim o que acontece depois, tem os créditos? cenas extras? continuação? sala vazia e criticas na contra-capa do jornal de segunda? tantas perguntas que nem eu mesmo posso responder. Outra coisa: odeio perguntas, me fazem duvidar de tudo que acredito, ja não acredito em muita coisa e ai as perguntas acabam com o resto que acredito. "E se" "talvez" "eu acho.." isso não me serve, não cabe no meu vocabulário, odeio suposições ou questionamentos sobre minhas certezas, tudo bem eu confesso que sim sou questionar sobre as coisas dos outros, curioso e teimoso sobre o que os outros acreditam ou confiam, mas é por pura falta de opção. Voltando aos finais: acho que o texto acabou.


"Gran finale, ultima cena... transmitido pelas antenas: a morte do toureiro."
-Engenheiros do Hawaii

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Let it be

     Tive um sonho que parecia aqueles filmes franceses do século passado, com borrões na tela e áudio terrivelmente prejudicado, o conteúdo do sonho era de fato bom, apesar de não lembrar quase nada do mesmo. Tinha uma Mulher parada perto de uma ponte meio vermelha puxando para bordô, cor estranhamente melancólica ou até mesmo triste. Que seja isso não importa tanto, tinha também um poste de luz amarela e caia uma garoa fina e chata, daquelas que a gente só gosta nos domingos em que ficamos comendo pipoca e vendo algum filme de comédia romântica, daqueles tipos que idealizamos para acontecer na nossa vida. Não tinha vento, não tinha sons de carros. A mulher segurava consigo um punhado de cartas de cor amarelada, segurava contra o peito e olhava para o rio que cortava a ponte ao meio. Fiquei olhando sem interesse algum a mulher e seus movimentos. Assim como as tempestades que se formam do nada em tardes de verão, a mulher largou o guarda-chuva e segurou o bolo de cartas com as duas mão, colocou toda a força que tinha nos braços pequenos e fracos e arremessou as cartas no rio, no meio do trajeto a pequena e fraca fita que segurava todas as cartas se arrebentou, e as cartas voaram ao vento caindo aos poucos no rio. Pareciam pássaros livres por momentos de total solidão. A mulher agachou-se e pegou seu guarda-chuva, deu um pequeno sorriso com o canto da boca, talvez feliz por ter se livrado de todos essas cartas, não se sabe se as cartas eram de amor ou se eram contas de bancos, talvez fossem até fotos em envelopes. Mas de uma coisa eu tive certeza nesse sonho: a mulher parecia limpa, sem lembranças e sem sentimentos, em estado completo de liberdade. A mulher olhou em volta para ter certeza que ninguém estragaria o momento perfeito dela, quando teve certeza de que estava totalmente sozinha largou o guarda-chuva mais uma vez para nunca mais pego-lo, subiu no pequeno murinho da ponte e se lançou igual as cartas, em um pulo de total desespero. A liberdade em fim terminara, ou por outro ponto de vista... acabara de começar.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Das histórias que eu não conto pra ninguém.

Das histórias que eu não conto pra ninguém, a do nosso futuro é a minha favorita. Talvez por que não demorará para acontecer, ou talvez pela certeza absurda que tenho disso. Acordar naquelas manhãs de sábados chuvosos de pijamas, acordar na cama bagunçada com lençóis brancos, o sol bate no seu rosto e você sorri. Acordar com barulhos de passos de pés pequenos correndo pela casa, a porta abre devagar e um garotinho de olhos azuis e cabelo castanho bagunçado, pijama com um monte de desenhos aleatórios olha pela fresta da porta entreaberta, só pra ver se estamos acordados, ele corre e pula na nossa cama "pai, mãe.. vamos ver desenhos!?". Vocês se cobrem com as cobertas cor de sonho enquanto eu arrumo café, bolachas e iogurtes, café preto e café com leite. Tomamos café na cama nos sabados de manhã de chuva olhando desenhos e conversando sobre qualquer coisa que pintar na nossa imaginação, ja que o céu não pintou no céu naquela manhã. Vamos olhar pela janela e ficar adiando a saida da cama a cada novos vinte ou trinta minutos, quem se importa? é sabado! é a nossa família, somos nós. Nas manhãs de domingo vou acordar e ver o sol contra o seu rosto, talvez eu não te acorde logo em seguida, eu gosto de ver você dormir igual criança, o sol entra devagar pela janela que esqueço sempre de concertar e ilumina seu rosto, não queria admitir mas não concerto a bendita janela por isso mesmo, é o angulo exato. Você vai me olhar e não vai levantar o rosto, vai ficar deitada, fecha os olhos e vai me dar um daqueles sorrisos bobos pelos quais me apaixonei anos antes, e ainda me apaixonam hoje. Mesmo com os olhos sonolentos e o cabelo uma bagunça, mesmo com a roupa amassada e com a preguiça matinal, meu amor.. você será a garota mais bonita do Mundo. Não precisamos de pressa, afinal hoje é domingo, a sessão de cinema começa só as oito horas, eu te empresto um par de meias e andamos mais ligeiros pra pegar pipoca antes. Depois é segunda, mas outra vez... quem se importa? de segunda a segunda, ainda seremos uma família, ainda seremos nós.